Probióticos


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No primeiro semestre de 2012, foi realizado na cidade de Evian, na França, o primeiro GUT Microbiota for Health, congresso mundial dedicado ao estudo da flora intestinal (ou microbiota) e da saúde do intestino. O evento é resultado do crescente número de pesquisas sobre a relação entre o órgão, chamado pelos médicos de “segundo cérebro”, e o bem-estar do organismo. “O intestino tem mais terminações nervosas do que o próprio cérebro. Além disso, o genoma da microbiota apresenta mais genes do que o do corpo humano inteiro, é muito complexo”, explica Flávio Quilici, professor titular de gastroenterologia e cirurgia digestiva da PUC-Campinas, em São Paulo, e presidente eleito da Sociedade Paulista de Gastroenterologia. Tanta atenção ao trato intestinal colocou sob os holofotes as superpoderosas bactérias que formam a flora intestinal: os probióticos. Esses micro-organismos aparecem em pesquisas sobre temas tão diversos quanto perda de peso, diminuição dos efeitos do HIV e até mesmo cura do câncer.

No intestino, eles se conectam uns aos outros, formando uma barreira que ajuda na absorção de nutrientes e no reforço do sistema imunológico, já que o órgão abriga cerca de 80% das células de defesa do corpo, experts em reconhecer e agir diante das bactérias. “Se forem do tipo benignas, caso dos probióticos, as células de defesa vão identificá-las e não ativarão a resposta agressiva para eliminá-las, diferentemente do que acontece diante de uma salmonela”, exemplifica a cirurgiã do aparelho digestivo Lúcia Oliveira, chefe do serviço de fisiologia anorretal da Policlínica Geral do Rio de Janeiro (PGRJ).


A origem

O primeiro registro científico que se tem dos probióticos é de 1908, quando o médico russo Ilya Mechnikov estudou uma população longeva que consumia diariamente grandes quantidades de leite fermentado – ele acreditava que esse era o segredo para os anos a mais de vida. Com o trabalho, ganhou o Prêmio Nobel de Medicina. Mas, somente em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou os probióticos como organismos vivos que têm ação benéfica no corpo.

“Nosso corpo depende de 1 quatrilhão de bactérias para funcionar. Metade é do bem e o restante faz mal. É um equilíbrio delicado, que começa assim que você nasce”, diz Flávio Quilici. Segundo ele, o bebê, durante um parto normal, entra em contato com as bactérias boas da mãe e começa a construir a microbiota. Na cesárea, a criança não adquire esses micro-organismos. Portanto, a construção da microbiota acontece de maneira mais lenta, deixando o sistema imunológico enfraquecido.

Apesar de essas bactérias se reproduzirem constantemente, fatores como falta de sono, alimentação ruim, stress e até consumo de antibióticos representam uma ameaça ao poder da microbiota. Por isso, recomenda-se, inclusive para quem não está doente, ingerir com frequência alimentos e cápsulas que contenham probióticos.

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